Por: Daniela Diniz

Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais

Por: Daniela Diniz

Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais

9 novembro, 2017 • 9:39

Em 2016, o Fórum Econômico Mundial reuniu mais de 2 mil líderes em Davos, na Suíça, para discutir o futuro do trabalho. De lá para cá, não paramos mais de especular esse futuro que já faz parte de nossa vida e tentar traduzir seus mistérios, dúvidas e números alarmantes, como o desemprego de mais de sete milhões de pessoas por falta de ocupação.

A tecnologia, incluindo aí a robótica e a biotecnologia, já estão impactando diretamente o mundo do trabalho. A sigla VUCA (do inglês, Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) nunca foi tão proferida nas rodas corporativas para definir o mundo atual. A busca incessante por inovação nos empurra para um constante estado de complexidade, incerteza e paradoxos. E é nesse cenário que temos de atuar e entregar resultados. Em meio a tudo isso, não paramos.

Não se pode mais falar em equilíbrio entre vida pessoal e profissional, simplesmente pois não há uma separação entre uma e outra. É preciso trabalhar o conceito qualidade de vida como uma coisa só. Afinal, o mundo — esse mundo VUCA – tem 24 horas por dia, sete dias por semana. E nesse período, temos poucas pausas, poucos intervalos para fazer uma coisa ou outra. Fazemos sempre uma coisa e outra porque, no fundo, sentimos que é difícil abrir mão de uma delas. O excesso de opções a que estamos submetidos nos deixa sem saber ao certo o que escolher. E, na dúvida, escolhemos mais de uma. Às vezes duas. Às vezes dez.

Fizemos uma enquete em nossa página sobre o que causou maior impacto nas relações de trabalho nos últimos quinze anos. De todas as nossas afirmativas, a mais respondida foi a pressão por resultados. Sim, tivemos a entrada avassaladora da geração Y no mercado, a profusão das redes sociais, a derrubada de paredes e a flexibilidade de horário, mas, de tudo, o que mais pesou na percepção dos nossos seguidores foi a consequência de tudo isso: o nosso cansaço.

A tecnologia nos liberta e nos aprisiona ao mesmo tempo. O maior exemplo disso é o uso do smartphone. Segundo uma pesquisa do Center for Creative Leadership, 78% dos executivos usam um smartphone para trabalhar e 60% deles ficam conectados 13 horas e meia ou mais por dia — nos finais de semana passam cerca de cinco horas fazendo coisas para a empresa. Resultado: fadiga física e mental.

Saem na frente as empresas que sabem administrar a tecnologia a seu favor. O mal não está em trabalhar cinco horas no final de semana para a empresa, mas em emendar tudo, sem folga, sem trégua, sem a tal flexibilidade que tanto exigem as novas gerações. É preciso olhar a tecnologia como aliada e não vilã. Ela nos impulsiona e nos permite criar novas funções no lugar daquelas que já estão ou ficarão obsoletas. Ela nos permite resolver coisas sem estarmos presentes fisicamente e gastarmos tempo desnecessário no ir e vir. Ela nos dá horas de folga e não tira as nossas horas.

No entanto, se é assim, por que parece o contrário? Por que nos sentimos aprisionados? Por que estamos tão cansados? Porque não sabemos estabelecer os limites, identificar as prioridades e separar o que é urgente daquilo que realmente é importante. A culpa não é da tecnologia, mas da nossa própria gestão. O que vemos, muitas vezes, é um tiroteio corporativo: todo mundo saindo para um lado para fazer alguma coisa ao mesmo tempo. Resultado: caos na firma e soldados estressados.

As empresas que investem em bons ambientes de trabalho e se preocupam com a produtividade sadia já despertaram para essa realidade. Entre as melhores companhias para trabalhar temos mais flexibilidade, menos hierarquia e estímulo ao home office. Elas exercem a autonomia nas pontas, estimulam práticas esportivas, valorizam a alimentação saudável e sugerem pausas. Pausa. Esse momento fundamental para recarregar as baterias do corpo (e não do celular) e voltar inteiro para a próxima jornada.

Tudo isso, no entanto, é exercido sob uma estratégia maior e bem definida. Sem foco, não há flexibilidade que sustente a qualidade de vida. Nem adianta colocar pufes coloridos, redes de descanso e mesa de pingue-pongue no escritório. Antes de investir nos artefatos simbólicos, estabeleça uma agenda de prioridades e alinhe o discurso às práticas. Do contrário, você terá um time cansado, com baixo desempenho e, consequentemente, baixa produtividade.

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